As solenidades em honra da beatificação do Padre João Francisco Regis, promovidas pela Companhia de Jesus, decorrem durante vários dias, encaminhando para a Igreja de São Roque inúmeros fiéis e membros da comunidade jesuíta. As cerimónias decorrem no interior e no exterior do templo, culminando com a grande procissão que percorre a Rua de Matacães, Rua da Atalaia, Travessa dos Ingleses, e Rua da Rosa até o cortejo sair na Rua do Loreto e subir a Rua Larga de São Roque, entre o ressoar dos clarins do Senado com as suas librés.
A Procissão é aberta pela Congregação de Nossa Senhora da Doutrina, com mais de oitocentos Irmãos, que transportam o andor de prata com a imagem da Senhora da Doutrina, seguidos pela Congregação de Nossa Senhora da Boa Morte, com o andor de prata com a imagem de Nossa Senhora da Conceição; segue-se o guião da Congregação da Gloriosa Virgem e Mártir Santa Quitéria e os Irmãos transportam o andor de prata com a imagem da Santa; segue-se a Cruz da Congregação de Santo António, que é a primeira vez que surge em público, acompanhados pelo juiz, Marquês de Valença, com sua vara em prata, seguido pela Cruz da Congregação de Jesus Maria e José, também conhecida por Congregação dos Nobres em alusão à classe social dos seus confrades. Segue-se a Cruz da Confraria de São Roque e logo a Cruz da Companhia de Jesus, o andor de prata com a imagem de João Francisco Regis, que é transportado por dois religiosos trinos e dois jesuítas; segue-se o pálio de oito varas conduzido por padres jesuítas, sob o qual é levado o Santo Lenho nas mãos do Provincial da Companhia. A ladear o pálio vão doze padres de S. Domingos e os fiéis. A sumptuosidade da cerimónia é revelada pela qualidade das vestes processionais, da intensidade da luz que ilumina todo o cortejo, mas as tochas que se concentram em redor do pálio são levadas pelos Irmãos da Confraria de São Roque, e a nobreza e “gravidade de pessoas” desta associação fechava todo o cortejo, merecendo um “devotíssimo aplauso” da população que assistia (Relaçam das Festas que os Padres da Companhia de Jesus da Casa Professa de S. Roque em a Cidade de Lisboa, Fizerão em a Beatificação do Beato Padre João Francisco Regis, sacerdote Professo da mesma Companhia. Lisboa: Officina de Pascoal da Sylva, 1717, pp 3-27).