Hynno

in Novena do Glorioso S. Roque por occasião da Epidemia Cholera-Morbus no anno de 1832. Offerecida, e celebrada pela Real Irmandade de S. Roque de Lisboa sendo seu Provedor Perpetuo El Rei Nosso Senhor: O senhor D. Miguel I.

Composta por Fr. Mattheus da Assumpção Brandão. Lisboa: Impressão Régia, 1832.

 

Nos Ceos Roque resplandece
De Gloria coroado;
Por quem de peste adoece
Supplica, e se compadece
Perante Deos, Advogado.

Quem na terra vivendo
Com o Signal da Cruz Sancta
Desfez contagio horrendo;
Alto lugar no Ceo tendo
Melhor mostra força tanta.

De Itália quando visita
Os Hospitaes pestilentes,
O Anjo Rafael imita,
E morte cruel evita
Aos que jazião doentes.

O seu poder celebrárão
No Synodo de Constança
Os Padres, que condemnárão
Os erros de Hus, e ensinárão
Ter em Roque confiança.

Portugal experimenta
De Roque o poder louvado,
Quando huma peste cruenta
O devasta, e atormenta
De Dom Manoel no Reinado.

Muitos então Vós nos valestes,
Roque Santo, e poderoso!
Dos soccorros, que nos destes, 
Em prova se ampliou prestes
O Templo Vosso famoso.

Culto aqui tem permanente
A Relíquia Sagrada
De Vosso Braço potente, 
Que então d’entre nossa Gente
A peste arrojou malvada.

Ai de nós! Morte severa
Ameaçar-nos parece!
Gyrando na atmosdera,
Das entranhas se apodera
Quando nellas o ar desce.

Fazei Roque sem demora
Que nos livre Deos Clemente,
Como a nossos Pais outr’ora
Da Peste destruidora,
Que estamos vendo imminente.

As novas más doutrinas
Affugentai totalmente, 
Que culpas inspirão dignas
De tantas guerras ferinas,
Peste, e fome, que o mundo sente.

De todo o mal livre seja
O Rei, que Deos no há dado,
O digno Clero da Igreja, 
E todo o Povo, que alameja
Por Vós ser sempre amparado.

Honra, e louvor tributemos
A’s Três Pessoas Divinas,
Que Hum só Deos serem cremos
E que lá dos Ceos supremos
O mundo regem benignas.

Amen.

 

Hino a São Roque

Anónimo, Lisboa: Igreja de São Roque, 1994

Tal como o jovem Roque
Jesus também te chama
P’ra que ao mundo inteiro
do seu amor chegue a chama.

São Roque descobriu
que quem vive de amor,
tira da lei e dos profetas
o mais belo sabor.

Irmãos, desta Irmandade,
reunidos para amar,
aprendamos de São Roque
a não colher, mas semear.

Que mesmo no escondimento
continuemos a confiar, 
que uns semeiam e outros colhem
p’ro reino de Deus dilatar.

Da caridade perfeita, 
em favor do impestado,
qle descobriu a missão,
que do alto lhe é dada.

De humildade e pobreza,
São Roque se revestiu,
até que um certo dia,
em luz ao Céu subiu.